Quadrinhos e Charges como recursos didáticos para o ensino de Geografia

Os quadrinhos são uma forma de arte visual, sequenciada, que utiliza de recursos como balões de fala para representar críticas à sociedade, ironizando muitas questões atuais. Desta forma o uso deste material é importante, faz com que o aluno compreenda a linguagem empregada para se fazer a crítica utilizando de novos instrumentos para estudar várias temáticas. A própria elaboração de charges também é um recurso que pode ser bem explorado, fazendo com que o aluno represente determinado tema a partir do seu ponto de vista, numa linguagem gráfica, que muitas vezes não está acostumado a utilizar.
Desta forma, segue abaixo alguns exemplos de quadrinhos que podem ser utilizados em sala de aula, a partir de alguns autores conhecidos popularmente, trabalhando assim diversos eixos da Geografia com este material.


Carlos Lattuf e os Grandes Eventos Brasileiros
O Brasil vai ser palco nos próximos anos de grandes eventos mundiais: a Capa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Alvo de grandes investimentos públicos e modificações nos municípios para construção de infraestrutura os eventos tem recebido bastante critica pelo fato dos governantes darem prioridade a essas obras do que a educação e a saúde, por exemplo.
No âmbito da Geografia Escolar essa temática pode ser trabalhada de diversas formas: questões de geografia politica, alteração da paisagem através da ação humana, cultura do pão e circo, problemas urbanos como o deslizamento nas áreas periféricas, alagamento, e etc.
O cartunista carioca Carlos Latuff conhecido internacionalmente pelas charges politicas e criticas tem realizado um trabalho muito interessante que pode ser utilizado na sala de aula como pontapé inicial de um debate.
É importante enfatizar que como qualquer tipo de arte a charge também demonstra a opinião do artista e no caso vai contra as politicas do atual prefeito do Rio de Janeiro – Eduardo Paes e do governador Sergio Cabral, ambos do PMDB.

“Cabral e a Tocha Olímpica”

Nota-se um Cabral feliz levando a tocha Olímpica em meio a um Rio de Janeiro alagado. Atrás dele vem o prefeito do Rio que também ignora a situação do local. Ao fundo podemos observar as casas desabando.

“Cabral “limpando a cidade”

Com esta charge é possível trabalhar a questão da especulação imobiliária nos centros urbanos e a forma como a periferia vem sendo tratada para receber a Copa e os Jogos Olímpicos. Um detalhe interessante é o veículo que transporta Cabral pertence a policia.

“Cabral em meio ao alagamento.”

Aqui ainda se pode falar dos problemas urbanos. Grande destaque para o alagamento.

“Proibido entrar”

Questões que envolvem a desigualdade social podem ser trabalhadas com esta charge que demonstra perfeitamente a exclusão de uma parcela da população em prol de outra. Também é interessante comentar que nos tempos normais o público que frequente os estádios é exatamente o que está sendo excluído no evento internacional.

“Logo das Olimpíadas”

Mostrando essa caricatura do logo das Olimpíadas pode-se comparar a realidade do país com a imagem que o Brasil quer vender. Para intensificar o debate seria interessante mostrar o logo verdadeiro.

“Veneza é aqui.”

Cabral e Eduardo Paes passeiam em meio a um Rio de Janeiro alagado fazendo uma comparação com a cidade de Veneza.

Turma da Mônica: milhares de possibilidades.

Para o Ensino Fundamental nada melhor do que uma boa dose de Turma da Mônica, a mais conhecida produção de quadrinhos nacional feita por Mauricio de Souza. Muitas das tirinhas da turma do Cascão, do Cebolinha, do Chico Bento, da Magali e da Mônica dentre tantos outros contam com questões que envolvem tanto a problemática ambiental quanto social.

Iremos colocar aqui uma seleção de pequenas histórias que podem ser aproveitadas em diversas situações.

“Penadinho e a Morte”

“Chico Bento e o desmatamento”

“Papa- Capim e o desmatamento”

“Marina: Achados e Perdidos”

“Turma da Mônica e o lenhador.”

 “Dona Morte e o Mundo”

Todas as tirinhas acima falam de questões sobre o meio ambiente. Enfatizando a destruição da natureza principalmente o desmatamento. Pode ser trabalhado na 5ªsérie/6º ano ou na 7ªsérie/8º ano que estuda as questões ambientais.

Mafalda: Geográfica por natureza

Quino foi o criador da personagem mais Geográfica de todos os tempos: a curiosa Mafalda. De uma maneira engraçada o argentino vai inserindo elementos de ordem geopolítica ao cotidiano de um grupo de crianças que carregam os questionamentos e incertezas que afligem os próprios adultos.
As tirinhas de Quino fizeram bastante sucesso principalmente durante o período da Guerra Fria, mas o seu conteúdo permanece atual até os dias de hoje.
Com a tirinhas da Mafalda podem-se trabalhar diversas temáticas, como projeções cartográficas X ideologia, questões referentes a formas de governo, problemáticas ambientais, globalização entre outros temas, tanto políticos como físicos.

“Mafalda e o Globo I”

“Mafalda e o Globo II”

“Mafalda e o Globo III”

“Mafalda e o Globo IV”
Os primeiros quadrinhos referem-se ao movimento imperceptível que a Terra faz continuamente, a segunda faz um paralelo entre projeções cartográficas e o uso de ideologias como forma de representar o mundo, levantando questionamentos sobre qual seria a parte de cima e a parte de baixo da Terra, e porque somos acostumados a enxergá-la desta forma. Ambas as tirinhas são um recurso para ser trabalhado em salas do Ensino Médio, especialmente o 1º ano que aborda estas questões juntamente com globalização.
As duas últimas tirinhas referem-se a questões políticas e a conjuntura do mundo atual, podendo também ser utilizadas no Ensino Médio, relacionando os quadrinhos com os problemas atuais, a fim de compreender a crítica. Muitas temáticas podem ser trabalhadas com estas e outras tirinhas, trabalhando sempre com a crítica por de traz do quadrinho, em forma de debate, elaboração de texto ou mesmo na elaboração de uma outra tirinha, a partir da visão do próprio aluno sobre o mesmo tema que foi trabalhado com estes recursos.

Renata Nunes 

Thais Rodrigues

Via CAGEOS